sábado, 28 de abril de 2012

Você sabe o que é a revolução sexual?


A maioria das pessoas pensa que toda essa "promoção da sexualidade", desvirtuando radicalmente a beleza do sexo, seja apenas algo fortuito nascido espontaneamente nos corações dos jovens; não é bem assim.

Atrás de tudo esse sexismo atual (pornografia escrita, filmes pornôs, motéis, comerciais eróticos, músicas, homossexualismo, "gênero", etc. ) que inunda os meios de comunicação (rádio, tv, músicas, internet, cinema, jornais, revistas...) é movido por uma ideologia que foi transformada em "Revolução Sexual" a  partir dos anos 60.

Tudo começou com a filosofia ateísta;  os tais filósofos ateus como Heidegger, Marcuse, Shoppenhauer, Feuerbach, Nietsche, Marx, Engels, Freud e companhia. Um desses, Herbert Marcuse, um judeu alemão (nasceu em Berlim, em  19 de Julho de 1898 e faleceu em 29 de Julho de 1979),  foi um influente sociólogo e filósofo alemão naturalizado norte-americano, pertencente à Escola de Frankfurt, escreveu um livro "Eros e Civilização" (Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1955), que deu partida à Revolução Sexual. É um livro que já está na sua 19ª edição e que é muito lido por jovens universitários.

Marcuse era ateu e comunista. Escreveu muitas obras, entre elas: "Reason and Revolution", 1941 (Razão e revolução, Paz e terra, RJ); "Soviet Marxism", 1958 (Marxismo Soviético, São Paulo, Saga, 1968); "One-Dimensional Man", 1964 (Ideologia da Sociedade Industrial, Editora Zahar, Rio de Janeiro);  "Psychoanalyse und Politik", 1968 (Psicoanálises y politica, Ediciones, Península, Barcelona);  "Towards a Critical Theory of Society", 1969 (Idéias sobre uma Teoria Crítica da Sociedade, Zahar Editores, RJ); "Counter-revolution and Revolution", 1972 (Contra-revolução e revolução, Zahar, RJ, 1973).

O querido e preparado Padre Paulo Ricardo (www.padrepauloricardo.orgr), reitor do Seminário de Cuiabá, MT, mostra muito bem em seu site como Marcuse e outros provocaram a chamada Revolução Sexual que hoje assistimos.  Você pode ouvir sua Palestra "Revolução sexual e Marxismo" no site.

O primeiro grande efeito da filosofia de Marcuse, que vamos explicar, foi o famoso festival "hippies"  de Woodstock, onde predominou a liberação sexual, a música rock pesada e as drogas. A mensagem era essa: "Paz e Amor; não faça guerra, faça amor!"

Aparentemente um belo slogan, que encantou a juventude saida da Guerra do Viet Nan. Em seu livro "Eros e Civilização", Marcuse, que era marxista, e que pretendia acabar com o capitalismo, engendrou a seguinte tese. Ele achava que a sociedade americana era capitalista, amante do dinheiro, porque estravazava nele a repressão sexual que sofria devido à formação cristã que recebera. O tabu sexual abria as portas para a ganância, era a sua tese.

Para o filósofo a repressão sexual fazia o americano estravazar na busca das riquezas a frustração; então, o "remédio" para acabar com o capitalismo era des-reprimir a sociedade capitalista com a liberação sexual, eliminando-se todos os tabus sexuais; e para isso era necessário uma Revolução sexual do tipo "não faça guerra, faça amor"; "paz e amor, bicho!"
  
A droga foi disseminada entre os jovens da primeira geração da Revolução Sexual, com o objetivo de lhes anestesiar a consciência, afim de poderem aceitar a quebra dos tabus sexuais, uma vez que receberam de seus pais uma boa e correta formação sexual. A música teve o mesmo fim.

Para Marcuse o americano fazia guerra (Viet Nam, II Guerra, etc) porque através da guerra mantinha o poder econômico, por ganância produzida pela repressão sexual de sua formação cristã.

Dentro da mentalidade marxista da "luta de classes", Marcuse não deixava uma alternativa para o diálogo com o capitalismo americano, mas somente  a saída do seu aniquilamento. Uma vez que o comunismo não conseguiu fazer isto pelas armas - a derrocada da União Soviética em 1989 mostrou isso - então, devia optar-se pela "revolução dos costumes e da cultura". É por isso que hoje as universidades são o ninho da cultura marxista, pagã, materialista e inimiga radical da Igreja.

Em outras palavras, Marcuse idealizou, com outros filósofos, que a implantação do marxismo-comunismo no mundo moderno só poderia acontecer com a destruição da moral judaico-cristã, razão da repressão sexual. Esse é o seu objetivo; por isso a Igreja hoje está sozinha na defesa da moral cristã  que moldou o Ocidente.

Infelizmente hoje a universidade, com raras e boas exceções, é um antro de ateísmo marxista que prega essa cultura. A Imprensa segue na mesma linha porque os jornalistas são formados em sua grande maioria nessas mesmas universidades. Assim, esses formadores de opinião vão espalhando as essas idéias cujo fruto hoje se vê nitidamente conduzindo também a política: distribuição farta de camisinhas e pílulas abortivas do dia seguinte, apoio ao homossexualismo e lesbianismo, oficialização de casamentos gays, aprovação do aborto, pornografia deslavada em todos os meios de comunicação, especialmente a internet de fácil acesso aos jovens.

O Padre Paulo Ricardo chama a atenção em seu ensino para algo sério. O jovem de ontem (1970 e seguintes) cometia os desatinos sexuais com uma consciência de que fazia algo errado diante da formação que recebeu, mas hoje, a atual juventude já não recebe mais essa formação em casa, então, pratica os desatinos sexuais, e muito piores,  sem a menor dor de consciência. Ele constata, como confessor, que os pecados sexuais hoje são cometidos numa escala muito maior de depravação e  requinte.

Hoje só resta na família e na lgreja uma Resistência contra essa terrível Revolução sexual; os seus frutos amargos estão destruindo não só os jovens, como suas famílias, bem como a sociedade.

Prof. Felipe Aquino
Fonte: http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=doc&cat=94&scat=176&id=3177

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Aborto: Congresso pode reverter decisão



Ives Gandra Martins:
A única saída para as entidades contra o  aborto reverterem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – que autorizou o aborto de fetos anencéfalos – é apelar ao Congresso Nacional pela anulação da nova regra.  
A tese é do jurista de São Paulo Ives Gandra Martins. De acordo com o advogado, o Congresso pode tomar a decisão com base na prerrogativa de que ele deveria decidir sobre a questão do aborto com a criação de legislação específica; e não o Supremo, com base em sua avaliação.
Gandra é um dos juristas que assinaram um documento defendendo o voto contra a legalização do aborto de anencéfalo pelo STF. No documento, denominado memorial, os juristas – que formam a União de Juristas Católicos de São Paulo e União de Juristas Católicos do Rio de Janeiro – afirmam que os defensores da proibição total do aborto não foram ouvidos pelos ministros antes dos votos. Em entrevista do Diário do Comércio, Martins observa ainda que a decisão do Supremo vale e deve ser respeitada. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
Diário do Comércio – Como o senhor avalia a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o aborto de anencéfalos?
Ives Gandra Martins –  A decisão está tomada e vale. Eu entendo, do ponto de vista exclusivamente acadêmico, que foi uma decisão incorreta. Eu entendo que o Supremo não tem essa competência, com base no artigo 103 parágrafo segundo da Constituição Federal. O correto seria o STF esperar uma decisão por parte do Congresso sobre o assunto. Assim,  houve uma invasão de competência da Justiça no Legislativo. No mais, o direito à vida é inviolável. E nossa legislação garante que a vida começa na concepção.
DC – Como fica agora?
Martins – O problema é se determinar, a partir de agora, uma anencefalia com absoluta segurança. Isso não é fácil para a Medicina. Por outro lado, o direito à vida não é determinado se o feto está bem ou mal formado. Se pensarmos assim, o doente terminal também não tem condições de sobreviver, então vamos legalizar a eutanásia. A vida é inviolável, mas se você a relativiza dizendo que alguém não tem condições de sobreviver, pode-se matar esse alguém.
DC – Como o senhor vê a atuação dos magistrados que votaram contra?
Martins – Com todo respeito que tenho pelos ministros do Supremo, acho que o ministro (Enrique Ricardo) Lewandowski foi muito claro, ao dizer que "não temos competência para decidir"; e o ministro (Antônio Cezar) Peluso também foi muito claro em dizer que "a vida é inviolável", e o que está na Constituição não pode ser interpretado de modo diferente. E essa é a nossa posição.
DC –Existe alguma possibilidade de reverter a posição do Supremo?
Martins – Só se o Congresso resolver anular a decisão. Porque o Congresso pode anular, com base no artigo 49 inciso onze da Constituição [cabe ao Congresso Nacional zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes].
DC – É a única saída das entidades contra o aborto? Pressionar o Congresso pela anulação da decisão do STF? 
Martins – É conseguir que o Congresso reverta a decisão, dizendo que houve invasão de competência.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Carta Endereçada aos Senhores Ministros do STF


Prezados senhores ministros,

Como cidadão brasileiro, gostaria de lhes comunicar que a possibilidade dos senhores votarem, no próximo dia 12, a despenalização da antecipação do parto (o que equivale ao aborto) de crianças portadores de anencefalia está aterrorizando o povo brasileiro. Se esses seres humanos extremamente indefesos forem considerados como material descartável, o que podemos esperar para o futuro do nosso País? Causa-nos muito estranhamento o fato dos senhores, exclusivamente, serem os responsáveis de uma decisão tão relevante, especialmente porque sabemos bem que há uma iniciativa popular que promove a aprovação do "Estatuto do Nascituro", que pretende garantir o respeito da vida humana desde sua concepção até à morte natural.

Gostaríamos de lembrar aos senhores que mais de 82% da população brasileira é contrária à prática do aborto. Além disso, os senhores não foram eleitos pelos brasileiros, mas sim colocados como ministros por indicação presidencial, presidente esta que se declarou várias vezes favorável ao aborto. Temos a sensação de que como nem por referendo, nem através do poder legislativo (Congresso e Senado) tal prática seria aprovada, a única via possível foi através do poder judiciário. Sabemos bem que, de acordo com o que está escrito na nossa Constituição, esse não pode legislar. Tememos que os senhores ministros mais uma vez atuem de forma contrária ao posto na nossa Constituição, em vistas de um suposto "espírito da lei" ou de uma "extensão dos direitos humanos" a pessoas desprotegidas.

A conduta do STF tem sido classificada por muitos como "ativismo jurídico"; entretanto, há vozes que a qualificam como uma forma explícita de "niilismo jurídico", ou seja, de negação de que o Direito Positivo tenha fundamentos no Direito Natural. Há ainda outros teóricos que observam uma mera posta em prática por todos os meios possíveis da vontade de "multinacionais da morte", como a Fundação Ford, a IPPF e outros na América Latina, que visam impor nos nossos países legislações de controle de natividade por qualquer meio possível, inclusive contrariando a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (de 1948), o texto da Nossa Constituição, o Tratado de Costa Rica e a imensa vontade popular. Há quem qualifique dita postura como "terrorismo jurídico", no qual são impostos à imensa maioria dos cidadãos brasileiros o silêncio e a impossibilidade de se manifestarem.

Não há nada que justifique cientificamente a interrupção da gravidez de crianças anencéfalas. A medicina deve curar os doentes e, na sua impossibilidade, aliviar os sofrimentos dos enfermos. Jamais deveria causar a morte do enfermo. A criança anencefálica não nasce em situação de morte encefálica, como foi reconhecido pelo governo dos EUA e comitê de bioética da Itália recentemente. Essa pode viver meses ou, em alguns casos, mais de um ano. Nesse tempo ela pode ser amada, respeitada e, uma vez morta, receber uma digna sepultura. O aborto não resolve nada, pois mata a pessoa enferma e destrói moralmente a mãe e, na maioria das vezes, toda a estrutura familiar. O aborto não é livre de riscos para a mulher que o pratica e, em algumas vezes, a anencefalia pode ser mal diagnosticada. Da vossa decisão depende a vida de muitas pessoas.

Gostaríamos de lhes dizer que se os senhores despenalizarem o aborto nesses casos, os senhores estarão atuando contra a vontade popular, a democracia (porque darão a sensação de não respeitar a divisão de poderes), o que diz a ciência biomédica e os senhores serão os únicos responsáveis diante da História do nosso País de tal decisão. Tal ato poderá ser comparado num futuro bem próximo aos mais repugnantes atos da história do nosso País, como foi a "escravidão legal". Negar o direito à vida desses seres humanos, de fato, será uma injustificada e cruel forma de discriminação. Sabemos que a imensa maioria dos que sofrem a "anencefalia" no Brasil são pessoas pobres e a anencefalia poderia ser reduzida com a ingestão de "ácido fólico" por parte das mulheres durante os três meses que antecedem a gravidez e no decurso da mesma. Essa substância é barata e seria desejável que o SUS a dispusesse a todas as mulheres gratuitamente e não que o Estado permitisse ou promovesse a morte desses seres que não tiveram os recursos suficientes para serem bem formados. Nosso Estado deveria trabalhar na promoção do nosso SUS e não permitir (ou obrigar) que os médicos, formados para salvar vidas, tenham que começar a praticar atos que só podem produzir a morte. Isso seria totalmente irresponsável, discriminatório e injusto.

Infelizmente, a maioria dos brasileiros não pode participar nessa decisão, esse poder nos foi negado e está exclusivamente nas mãos dos senhores decidir. Nós, povo brasileiro, não nos calamos antes dessa decisão e não nos calaremos depois dela. Continuaremos mobilizando a nossa população para exigir do nosso Governo políticas dignas que promovam um Sistema de Saúde decente, defensor e promotor da vida humana e estaremos educando a juventude sobre os riscos e os sofrimentos causados pelo aborto, que sempre destrói ao menos duas vidas: fisicamente a do filho (ainda que haja quem queira chamar somente de "feto" ou de "embrião") e moralmente a da mãe. Ao mesmo tempo, estaremos exigindo um genuíno respeito pelo texto da nossa Constituição, pela autêntica divisão de poderes no Brasil, pela verdadeira participação democrática. Nosso trabalho buscará ainda a formação dos mais jovens, de modo a educá-los para uma verdadeira responsabilidade nas suas relações interpessoais e familiares, de modo que não tenham que jamais pensar em praticar o aborto. Um governo responsável deveria investir nisso e não conformar-se com o dar a morte aos pobres e inocentes.

A despenalização da prática equivalente ao aborto desses seres humanos seria extremamente injusta porque negaria a essas o direito à vida. Além disso, poderia ser terrível para nossa população devido ao valor pedagógico das leis. O dito ato poderia aparentar a muitos uma radical banalização da vida humana. O povo brasileiro não quer isso.

Pedimos, pois, vossa atenta consideração à vontade do povo brasileiro e aos argumentos que as mesmas ciências médicas e bioéticas nos ensinam. Pedimos ao senhores uma atenta consideração aos dados reais da medicina e aos casos reais de famílias que no Brasil sofrem com o problema. A decisão dos senhores no próximo dia 12 marcará uma etapa nova da História do nosso País. Esperamos que seja positivamente, que nosso País possa continuar sendo reconhecido como um dos que mais amam e defendem a vida dos seres humanos mais indefesos e que se preocupam com o direito humano de todos, não somente dos mais fortes.

Agradecemos sinceramente a vossa atenção e esperamos uma afirmação incondicional dos senhores do valor de toda vida humana.

Indicamos-lhes um texto científico sobre o tema. E casos reais de famílias que acolheram a vida de crianças portadoras de anencefalia.

http://humanitatis.net/?p=5810

http://www.anencefalia.com.br/

http://www.portalum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4041%3Avitoria-de-cristo-crianca-com-anencefalia-completa-dois-anos-e-meio-de-vida&catid=88%3Ario-de-janeiro&Itemid=462

http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285811


Atenciosamente,

Pe. Anderson Alves
Doutorando em Filosofia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma.

Fonte: http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=not&cat=107&scat=79&id=6030

terça-feira, 10 de abril de 2012

A Páscoa é a festa da nova criação, explica Bento XVI


Sábado, 07 de abril de 2012, 18h47

Homilia Bento XVI - Vigília Pascal - 07/04/2012


Boletim de Imprensa da Santa Sé



Homilia
Santa Missa da Vigília Pascal
Basílica de São Pedro
Sábado, 7 de abril de 2012


Queridos irmãos e irmãs!
A Páscoa é a festa da nova criação. Jesus ressuscitou e nunca mais morre. Arrombou a porta que dá para uma nova vida, que já não conhece doença nem morte. Assumiu o homem no próprio Deus. «A carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus»: dissera São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (15, 50). E todavia Tertuliano, escritor eclesiástico do século III, a propósito da ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição, não temera escrever: «Tende confiança, carne e sangue! Graças a Cristo, adquiristes um lugar no Céu e no Reino de Deus» (CCL II, 994). Abriu-se uma nova dimensão para o homem. A criação tornou-se maior e mais vasta. A Páscoa é o dia duma nova criação, mas por isso mesmo, neste dia, a Igreja começa a liturgia apresentando-nos a criação antiga, para aprendermos a compreender bem a nova. E assim, na Vigília Pascal, a Liturgia da Palavra começa pela narração da criação do mundo. A propósito desta e no contexto da liturgia deste dia, são particularmente importantes duas coisas. Em primeiro lugar, a criação é apresentada como uma totalidade da qual faz parte o fenômeno do tempo. Os sete dias são imagem duma totalidade que se desenvolve no tempo, aparecendo os dias ordenados até ao sétimo, o dia da liberdade de todas as criaturas para Deus e de umas para as outras. Por conseguinte, a criação está orientada para a comunhão entre Deus e a criatura; a criação existe para que haja um espaço de resposta à glória imensa de Deus, um encontro de amor e liberdade. Em segundo lugar, na Vigília Pascal, a Igreja fixa a atenção sobretudo na primeira frase da narração da criação: «Deus disse: "Faça-se a luz"!» (Gn 1, 3). Emblematicamente, a narração da criação começa pela criação da luz. O sol e a lua são criados somente no quarto dia. A narração da criação designa-os como fontes de luz, que Deus colocou no firmamento do céu. Deste modo, priva-os propositalmente do caráter divino que as grandes religiões lhes tinham atribuído. Não! Não são deuses de modo algum; são corpos luminosos, criados pelo único Deus. Entretanto já os precedera a luz, pela qual a glória de Deus se reflete na natureza do ser que é criado.

Que pretende a narração da criação dizer com isto? A luz torna possível a vida; torna possível o encontro; torna possível a comunicação; torna possível o conhecimento, o acesso à realidade, à verdade. E, tornando possível o conhecimento, possibilita a liberdade e o progresso. O mal esconde-se. Por conseguinte, a luz aparece também como expressão do bem, que é luminosidade e cria luminosidade. É de dia que podemos trabalhar. O fato de Deus ter criado a luz significa que Ele criou o mundo como espaço de conhecimento e de verdade, espaço de encontro e de liberdade, espaço do bem e do amor. A matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom. E o mal não vem do ser que é criado por Deus, mas existe em virtude da sua negação. É o «não».

Na Páscoa, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Deus disse novamente: «Faça-se a luz!». Antes tinham vindo a noite do Monte das Oliveiras, o eclipse solar da paixão e morte de Jesus, a noite do sepulcro. Mas, agora, é de novo o primeiro dia; a criação recomeça inteiramente nova. «Faça-se a luz!»: disse Deus. «E a luz foi feita». Jesus ressuscita do sepulcro. A vida é mais forte que a morte. O bem é mais forte que o mal. O amor é mais forte que o ódio. A verdade é mais forte que a mentira. A escuridão dos dias anteriores dissipou-se no momento em que Jesus ressuscita do sepulcro e Se torna, Ele mesmo, pura luz de Deus. Isto, porém, não se refere somente a Ele, nem se refere apenas à escuridão daqueles dias. Com a ressurreição de Jesus, a própria luz é novamente criada. Ele atrai-nos a todos, levando-nos atrás de Si para a nova vida da ressurreição e vence toda a forma de escuridão. Ele é o novo dia de Deus, que vale para todos nós. 

Mas isto, como pode acontecer? Como é possível chegar tudo isto até nós, de tal modo que não se reduza a meras palavras, mas se torne uma realidade que nos envolve? Por meio do sacramento do Batismo e da profissão da fé, o Senhor construiu uma ponte até nós, pela qual o novo dia nos alcança. No Batismo, o Senhor diz a quem o recebe: Fiat lux – faça-se a luz. O novo dia, o dia da vida indestrutível chega também a nós. Cristo toma-te pela mão. Daqui para a frente, serás sustentado por Ele e assim entrarás na luz, na vida verdadeira. Por isso, a Igreja antiga designou o Batismo como «photismos – iluminação». 

Porquê? A escuridão que verdadeiramente ameaça o homem é o fato de que ele é, na verdade, capaz de ver e investigar as coisas palpáveis, materiais, mas não vê para onde vai o mundo e donde o mesmo venha; para onde vai a sua própria vida; o que é o bem e o que é o mal. Esta escuridão acerca de Deus e a escuridão acerca dos valores são a verdadeira ameaça para a nossa existência e para o mundo em geral. Se Deus e os valores, a diferença entre o bem e o mal permanecem na escuridão, então todas as outras iluminações, que nos dão um poder verdadeiramente incrível, deixam de constituir somente progressos, mas passam a ser simultaneamente ameaças que nos põem em perigo a nós e ao mundo. Hoje podemos iluminar as nossas cidades de modo tão deslumbrante que as estrelas do céu deixam de ser visíveis. Porventura não temos aqui uma imagem da problemática que toca o nosso ser iluminado? Nas coisas materiais, sabemos e podemos incrivelmente tanto, mas naquilo que está para além disto, como Deus e o bem, já não o conseguimos individuar. Para isto serve a fé, que nos mostra a luz de Deus, a verdadeira iluminação: aquela é uma irrupção da luz de Deus no nosso mundo, uma abertura dos nossos olhos à verdadeira luz

Por fim, queridos amigos, queria ainda acrescentar um pensamento sobre a luz e a iluminação. Na Vigília Pascal, a noite da nova criação, a Igreja apresenta o mistério da luz com um símbolo muito particular e humilde: o Círio Pascal. Trata-se de uma luz que vive em virtude do sacrifício: a vela ilumina, consumindo-se a si mesma; dá luz, dando-se a si mesma. Este é um modo maravilhoso de representar o mistério pascal de Cristo, que Se dá a Si mesmo e assim dá a grande luz. Uma segunda idéia, que a reflexão sobre luz da vela nos sugere, deriva do fato de a mesma ser fogo. Ora, o fogo é força que plasma o mundo, poder que transforma; e o fogo dá calor. E aqui se torna novamente visível o mistério de Cristo: Ele, a luz, é fogo; é chama que queima o mal, transformando assim o mundo e a nós mesmos. «Quem está perto de Mim, está perto do fogo»: assim reza um dito de Jesus, que nos foi transmitido por Orígenes. E este fogo é ao mesmo tempo calor: não uma luz fria, mas uma luz na qual vêm ao nosso encontro o calor e a bondade de Deus. 

O Precónio, o grande hino que o diácono canta ao início da Liturgia Pascal, de modo muito discreto chama a nossa atenção ainda para outro aspecto. Lembra-nos que o material do círio se fica a dever, em primeiro lugar, ao trabalho das abelhas; e, assim, entra em cena a criação inteira. No círio, a criação torna-se portadora de luz. Mas, segundo o pensamento dos Padres, temos aí também uma alusão implícita à Igreja. Nesta, a cooperação da comunidade viva dos fiéis é parecida com o trabalho das abelhas; constrói a comunidade da luz. Assim podemos ver, no círio, também um apelo dirigido a nós mesmos e à nossa comunhão com a comunidade da Igreja, que existe para que a luz de Cristo possa iluminar o mundo. 

Neste momento, peçamos ao Senhor que nos faça sentir a alegria da sua luz, de modo que nós mesmos nos tornemos portadores da sua luz, para que, através da Igreja, o esplendor do rosto de Cristo entre no mundo (cf. LG 1).
 


Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285828

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O homem deve ter razões para viver e para morrer, e não será a ciência a dá-lo a ele


Fonte: http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=art&cat=110&scat=82&id=5811

2 de Março de 2012 / Comentários: O homem deve ter razões para viver e para morrer, e não será a ciência a dá-lo a ele", afirmou o prêmio Nobel para a Medicina, François Jacob. 1

A missão da Igreja é oferecer um compromisso ético aos modernos cientistas para o bem da humanidade. É uma questão de dignidade e respeito para a existência humana.

Galileu Galilei

A cristandade - e especialmente a Fé católica - é a religião que dá o verdadeiro significado ao mundo material porque é a religião que é baseada na criação e na encarnação, na qual o mundo é entendido como fruto de um Deus inteligente e pessoal. "Aquele que conservar a vida para si há de perdê-la; aquele que perder a sua vida por causa de mim há de salvá-la" (Mt 10, 39). Perder a vida na procura de Deus significa o abandono à Verdade. A Revelação cristã, embora sobrenatural, não paralisa o crente, mas o encoraja à procura pela Verdade, pelo uso da razão iluminada pela Fé. A missão da teologia é manter o espaço do transcendente aberto num mundo cada vez mais pragmático e materialista. A pior coisa que poderia acontecer seria o cientificismo poder fechar a possibilidade do transcendente e a redução da realidade ao que apenas pode ser mensurado e observado.

A teologia deve promover o diálogo com a ciência a fim de não perder o seu lugar na conquista pelo entendimento. A revolução científica é insuficiente para mostrar o significado da vida e incutir uma esperança concreta. Após o escurecer da consciência, o homem necessita entender o seu lugar na criação para não cair em desespero. A teologia e a Fé podem providenciar uma realista e razoável explicação para o lugar do homem na terra. Porque há uma realidade na vida do homem que não é sujeito a ser mesurado ou verificado: o mundo das ideias, afeições, amizade e amor.

Muitos anos atrás, Santo Anselmo (?1109) descreveu a pesquisa teológica como fides quaerens intellectum,2 a Fé procurando entender. Acreditando em Deus, nós aprofundamos o nosso correto entendimento da realidade tal como nos é apresentada. A experiência é realidade, e ambas, Fé e ciência, podem trabalhar juntas para melhorar o entendimento, mas apenas se souberem respeitar-se mutuamente.

Por Padre François Bandet, EP.

Traduzido do original em inglês pelo Padre José Victorino de Andrade com autorização e revisão do autor.

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1 Cf. Apud B. Matteucci, Scienza, Fede e Ideologie, in Scienza e Fede, 1983, n. 9. 39.

2 St. Anselm of Canterbury, Proslogion, Prooemium, in ALAMEDA, J., ed., Obras completas de San Anselmo. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1952. 82.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Responsáveis pela nossa vida!


Para que eu vivo?

Enquanto não tivermos uma resposta a esta pergunta, uma  resposta que nos mostre o significado da nossa existência - a nossa razão de viver, de amar, de lutar, de trabalhar… -, não seremos autênticos seres humanos. Seremos bichos mais ou menos pensantes que circulam, comem, bebem, dormem, fazem sexo, fuçam, desfrutam, se enjoam, se iludem, se desiludem, trabalham, brigam, se deprimem, vão ao psiquiatra, não sabem o que lhes acontecem, envelhecem e morrem.

Faz já alguns anos, uma crônica jornalística reproduzia a resposta de uma mocinha carioca à pergunta sobre o que achava dos bandos de vândalos e pixadores que danificam instalações públicas: - «Para mim - dizia ela -, as pessoas não sabem mais o que fazer das suas vidas». Sem grandes filosofias, essa menina lembrava que nós é que temos de “fazer a nossa vida”, que é preciso “fazer algo com ela”, e que não faremos nada de válido se não “soubermos o que fazer”. Justamente por termos uma inteligência e uma vontade livre, somos os responsáveis pela nossa vida. Que fazemos dela? Que faremos dela?

Essa filósofa-mirim trouxe-me à memória outra menina e outra reportagem de jornal. No caso, uma reportagem bem triste. Em São Paulo, há vários anos, uma estudante de dezesseis anos despencou - ou se jogou? - da janela de um dos últimos andares de um prédio de apartamentos, onde uma turma de colegas consumia drogas. Morreu na hora. Entre os seus papéis, acharam-se rabiscos de umas confissões íntimas. Desse texto, basta uma amostra: «Vou ver se aqui eu consigo dizer tudo o que sempre quis dizer. Em primeiro lugar, eu queria viver. Mas eu vivo, o problema não é esse. O problema é ter que viver para quê? Ou para quem? Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente».

A pobre mocinha não tinha descoberto ainda para que vivia, e por isso se achava perdida, sem sentido e sem rumo. Isso faz pensar que, mesmo na sua trágica desorientação, tinha uma intuição profunda do sentido humano da vida. Reparemos que ela não colocava a sua realização em possuir bens, em enriquecer, gozar dos prazeres da vida (como seria de esperar, mexendo-se num ambiente consumista e hedonista), mas numa “razão de viver”, que não conseguia achar: «Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente». Só por isso era humana: porque sentia a sede de sentido, sem a qual tudo acaba em absurdo e frustração.



Eu sou fiel a mim mesmo?

À vista desses dois episódios, tornam-se incisivas estas perguntas: - Podemos dizer que estamos configurando, orientando a nossa vida de acordo com um ideal que a cumule de sentido, ou pelo menos que lutamos para chegar a isso? Esse ideal move-nos de maneira a vencermos a preguiça, a pressão do ambiente, os impulsos meramente instintivos, a inércia e a moleza, que apagam qualquer ideal?

Estejamos certos de que só vivendo assim - à procura de um ideal que nos encha de sentido - poderemos dizer que somos fiéis a nós mesmos, à grandeza do que nós somos, às exigências profundas da nossa dignidade de pessoas humanas; em suma, poderemos dizer que somos autênticos seres humanos.

Talvez nos mostre uma pista, para começarmos essa procura, um comentário do protagonista do romance Life after God (”A vida depois de Deus”, deste Deus que “nós matamos”), do americano Douglas Coupland. O escritor se autodefine como membro da «primeira geração americana educada sem religião», e retrata a falta de sentido e o tédio acumulado de muitos dos seus companheiros, criados no vácuo do prazer sem Deus (drogas, álcool, sexo-carne, ausência de compromissos).

No fim do romance, o protagonista faz chegar uma mensagem à namorada, que é como que o grito do vazio: «Pois bem… eis o meu segredo. Digo-o com uma franqueza que duvido voltar a ter outra vez; de maneira que rezo para que você esteja num quarto tranquilo quando ouvir estas palavras. O meu segredo é que preciso de Deus; que estou farto e que já não posso continuar sozinho. Preciso de Deus para que me ajude a dar, pois me parece que já não sou capaz de dar; para que me ajude a ser generoso, pois me parece que desconheço a generosidade; para que me ajude a amar, pois me parece que perdi a capacidade de amar…».

Não vale a pena pensarmos a sério nessas coisas todas?

Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/?p=1110


Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12726
02/03/2012 - 08h00