terça-feira, 27 de novembro de 2012

FAÇA ALGUMA COISA PELA VIDA!

Amigos e amigas...

O Pe. Lodi reforça sempre a importância de nos manifestarmos frente aos absurdos que nosso governo se propõe fazer. Não fiquemos calados, façamos algo pela vida! Veja como seguindo as instruções do próprio Pe. Lodi.

Abraços,
Marcelo.

NÃO PEQUEMOS POR OMISSÃO

“A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete, e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificilmente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo”
(Pe. Antônio Vieira, Sermão da Primeira Dominga do Advento na Capela Real, ano de 1650, VI).

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Anápolis: a cidade vermelha.

Amigos que acompanham este blog.

Vale a pena acompanhar e divulgar o maravilhoso trabalho do Pe. Lodi em favor da vida. Site: http://www.providaanapolis.org.br/

A partir de hoje começarei a disponibilizar os conteúdos do Pe. Lodi neste blog.

Boa leitura!

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Anápolis: a cidade vermelha
(por enquanto, o vermelho está apenas na tinta)
Em 1966, o líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, iniciou na China uma campanha chamada “Revolução Cultural”, destinada a combater os seus opositores de dentro do Partido. Grupos de jovens conhecidos como “Guarda Vermelha”, tendo nas mãos o “Livro Vermelho” (coletânea de citações de Mao), atacavam todos os suspeitos de deslealdade política ao regime. Fábricas e universidades foram fechadas, professores foram espancados, intelectuais tiveram que trabalhar no campo. As cores dos semáforos foram invertidas: parava-se no sinal verde e avançava-se no sinal vermelho.
* * *
Em 2008, pela primeira vez o município de Anápolis elegeu um prefeito do Partido dos Trabalhadores (PT): Antônio Roberto Otoni Gomide. Em seu mandato de 2009 a 2012, a cidade foi pintada de vermelho. As fachadas das repartições públicas, o uniforme dos funcionários, os brinquedos das praças, as luminárias dos postes, as lixeiras dos parques, os ladrilhos das calçadas, as placas de sinalização, tudo passou a exibir a cor do PT. Quanto aos sinais de trânsito, ao menos por enquanto eles não foram invertidos. No entanto, uma tarja vermelha passou a cobrir a haste vertical dos novos semáforos.
Essa decisão de avermelhar a cidade tem um significado preciso: Anápolis pertence ao PT. É ao PT que o cidadão anapolino deve agradecer quando vê qualquer obra pública. O povo não deve pensar no verde-amarelo da bandeira nacional e da bandeira do Estado de Goiás. Deve substituir a reverência à pátria pelo culto a um Partido.
Nos países comunistas, o Estado e o Partido se confundem. Assim ocorre na China e em Cuba. Assim o PT pretende que ocorra no Brasil.  

O vermelho de sangue
Mais assustador do que as ruas, praças e viadutos pintados de vermelho é o perigo de a prefeitura e/ou a Câmara Municipal aprovarem alguma medida para favorecer o aborto.
Convém lembrar, mais uma vez, que o 3º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), ocorrido entre agosto e setembro de 2007, aprovou a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público[1].
Convém lembrar ainda que essa resolução pró-aborto deve ser acatada por todos os políticos filiados ao Partido. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista, que “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §1º[2]). Ou seja:
 
Todo político filiado ao PT é comprometido com o aborto.
 
O PT cobra coerência com esse compromisso. Se um político contrariar uma resolução como essa, que apoia o aborto, “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §2º). Essa ameaça já foi cumprida. Em 17 de setembro de 2009, dois deputados, Luiz Bassuma (PT/BA) e Henrique Afonso (PT/AC) tiveram seus direitos partidários suspensos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto[3]. Com essa punição, o PT deu uma mensagem clara aos cidadãos brasileiros:
 
“Se você quer militar contra o aborto, não entre no PT”.
 
Com essa mensagem, seria de se esperar que nenhum cristão votasse mais nesse Partido. No entanto, lamentavelmente, em 7 de outubro de 2012, o prefeito Antônio Gomide (PT) foi eleito com 88,93% dos votos válidos. Quanto à Câmara Municipal, houve uma sensível mudança. Hoje apenas uma vereadora pertence ao PT. Dos 23 vereadores eleitos para o próximo mandato, 6 são filiados ao PT. O Partido passou a ter a maior bancada junto à Câmara. Com isso, será muito mais fácil para o PT pôr em prática seus propósitos.
 

Alguns esclarecimentos
Impressionados com a quantidade de obras públicas feitas durante o último mandato – todas elas cuidadosamente pintadas de vermelho – os eleitores de Anápolis decidiram em massa reeleger o atual prefeito petista. Afinal – diziam – o que importa é o candidato, não o partido.
Enganaram-se: segundo o Estatuto do PT, o que importa primeiramente é o partido. “O Partido concebe o mandato como partidário” (art. 70, Estatuto do PT). Desde o pedido de indicação como pré-candidato, o filiado reconhece de modo expresso que “todo mandato eletivo pertence ao Partido” (art. 73, I, Estatuto do PT). Note-se bem o que diz o Estatuto: o mandato do prefeito não pertence aos eleitores que o elegeram; pertence ao Partido dos Trabalhadores! Também o mandato dos vereadores petistas não pertence aos eleitores; pertence ao Partido dos Trabalhadores. Ou seja:
 
Votar em um candidato petista é o mesmo que votar no PT.
E votar no PT é o mesmo que votar no aborto.
 
A imensa maioria dos eleitores não sabe (ou não sabia) disso. O vereador eleito com maior número de votos foi Pedro Mariano (PP), justamente o autor da Proposta de Emenda à Lei Orgânica n. 13 de 2012, que suprimiu da Lei Orgânica do Município de Anápolis (LOMAN) o parágrafo único do inciso X do artigo 228, que previa a prática do aborto pela rede pública de saúde. Maciçamente contrários ao aborto, os anapolinos não sabem que favorecerem o aborto ao elegerem candidatos petistas.
 
Há quem pense que a emenda à Lei Orgânica que suprimiu o aborto foi sancionada pelo prefeito Antônio Gomide. Isso não é verdade. Uma emenda à Lei Orgânica é votada em dois turnos pelos vereadores e, uma vez aprovada, é promulgada pela Câmara Municipal (cf. art. 48, LOMAN). O prefeito não tem parte no processo legislativo. Não pode vetar nem sancionar a emenda.
Se, porém, a aprovação de uma emenda tivesse dependido do prefeito, não será que ele a teria vetado? O motivo teria sido óbvio: a existência de uma lei que favorece o aborto é extremamente cara ao PT. Revogar tal lei seria contrariar as diretrizes do Partido. Em particular, seria contrariar o que foi expressamente resolvido pelo III Congresso Nacional do PT: a descriminalização do aborto e a regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público.
É verdade que o Partido pode dispensar o político de cumprir uma decisão coletiva, quando houver “graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo”. Mas isso só “excepcionalmente” (art. 13, XV, Estatuto do PT). Se o Partido disser “não”, o filiado é obrigado a agir contra sua consciência.
Em se tratando da causa abortista, se o prefeito tivesse o poder de vetar uma emenda antiaborto, jamais o Partido o teria dispensado desse “dever”. Se o prefeito, alegando ser católico, insistisse diante da Comissão Executiva do Diretório do PT que não poderia vetar aquela emenda, o Partido teria um argumento irrespondível: “Se você é tão intransigentemente contrário ao aborto, por que se filiou ao PT? Está esquecido do compromisso partidário que assinou e registrou em cartório?”.
Não nos iludamos. Há duas bandeiras irrenunciáveis para o PT e inaceitáveis para o cristão: o homossexualismo e o aborto. Nosso prefeito já manifestou sua adesão à primeira bandeira, promovendo as marchas de “orgulho” (!) homossexual em nossa cidade. Infelizmente, a segunda bandeira poderá manifestar-se no futuro. Então, os que votaram nos candidatos do PT terão motivo de amargo arrependimento. Queira Deus que nas próximas eleições tirem, então, também as necessárias consequências.
Anápolis, 6 de novembro de 2012.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.
Presidente do Pró-Vida de Anápolis.


[1] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in: http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf
[2] Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Redação final aprovada pelo Diretório Nacional em 09/02/2012, in: http://www.pt.org.br/arquivos/ESTATUTO_PT_2012_-_VERSAO_FINAL.pdf
[3] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso, 17 set. 2009, in: http://pt.jusbrasil.com.br/politica/3686701/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Bebê nasce sem cérebro e vive milagrosamente por três anos


Fonte: http://www.comshalom.org/noticias/exibir.php?not_id=6992

05-11-2012
Tags: bebê, anencéfalo, milagre
O americano Nickolas Coke nasceu com anencefalia, condição que significa que ele só tinha o tronco cerebral. Enquanto a maioria das crianças com o problema morre pouco tempo depois de nascer, o menino surpreendeu os médicos ao viver por três anos, segundo noticiou o jornal britânico Daily Mail, com informações do KOAA.com, no Colorado.

“Ele nunca foi ligado a qualquer máquina, tubos, nada”, contou a avó do menino, Sherri Kohut. “Ele nos ensinou tudo, ensinou o amor, como ser uma família”, reforçou.

A avó, que estava com Nickolas quando ele morreu, no dia 31 de outubro, contou que o neto parou de respirar depois que teve dificuldades respiratórias ao longo da manhã. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu.

Durante a pequena vida do garoto, a família fez o que pode para ele, levando-o para viagens em zoológicos, acampamentos - apesar de sua condição, que fazia com que tivesse várias convulsões.

Crianças anencéfalas são incapazes e pensar e ter emoções. Nickolas também jamais poderia falar, comer ou andar. Apesar disso, a família acredita que ele estava crescendo, não só fisicamente, como também mentalmente. “Ele era nosso herói. Ele sempre será lembrado”, diz a avó.

No Brasil, a anencefalia atinge 1 a cada 700 nascimentos. Em abril deste ano, uma decisão inédita do Supremo Tribunal Federal concedeu às mulheres grávidas com fetos anencéfalos o direito de interromper a gravidez. Depois da notícia, o Conselho Federal de Medicina formou uma comissão para esclarecer os critérios de diagnóstico da má-formação.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Catequese de Bento XVI - Desejo de Deus - 07/11/2012


Quarta-feira, 07 de novembro de 2012, 12h39


Boletim da Santa Sé
(Tradução: Jéssica Marçal-equipe CN Notícias)



CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 7 de novembro de 2012 

Queridos irmãos e irmãs,

O caminho de reflexão que estamos fazendo juntos neste Ano da Fé nos leva a meditar hoje sobre um aspecto fascinante da experiência humana e cristã: o homem traz em si um desejo misterioso de Deus. De modo muito significativo, o Catecismo da Igreja Católica se abre com a seguinte consideração: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair para si o homem e somente em Deus o homem encontrará a verdade e a felicidade que busca sem parar” (n. 27).

Uma afirmação tal que também hoje, em muitos contextos culturais, parece bastante aceitável, quase óbvia, poderia parecer um pouco um desafio no âmbito da cultura ocidental secularizada. Muitos dos nossos contemporâneos poderiam afirmar que não sentem por nada um desejo de Deus. Para grande parte da sociedade Ele não é mais o esperado, o desejado, mas sim uma realidade que passa despercebida, diante da qual não se deve nem sequer fazer o esforço de pronunciar-se. Na realidade, aquilo que definimos como “desejo de Deus” não está de tudo desaparecido e parece (si affaccia) ainda hoje, de muitos modos, o coração do homem. O desejo humano tende sempre a determinados bens concretos, frequentemente desejando tudo menos o lado espiritual, e ainda se encontra diante da interrogação sobre o que seja de fato “o” bem, e também a confrontar-se com alguma coisa que é diferente de si mesmo, que o homem não pode construir, mas é chamado a reconhecer. O que pode de fato satisfazer o desejo humano?

Na minha primeira Encíclica, Deus caritas est, procurei analisar como tal dinamismo se realiza na experiência do amor humano, experiência que na nossa época é mais facilmente percebida como momento de êxtase, de saída de si, como lugar onde o homem sabe que é atravessado por um desejo que o supera. Através do amor, o homem e a mulher experimentam de modo novo, um com o outro, a grandeza e a beleza da vida e do real. Se isso que experimentam não é uma simples ilusão, se de fato quero o bem do outro como via também do meu bem, então devo estar disposto a descentralizar-me, a colocar-me ao seu serviço, até a renúncia a mim mesmo. A resposta à questão sobre o sentido da experiência do amor passa também por meio da purificação e da cura do querer, o que é necessário para o próprio bem que se quer ao outro. Precisamos praticar, treinar, também corrigir, para que aquele bem possa verdadeiramente ser desejado.

O êxtase inicial se traduz assim na peregrinação, “êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para sua libertação na doação de si, e assim para o reencontro de si, e de fato para a descoberta de Deus” (Enc. Deus caritas est, 6). Através de tal caminho poderá progressivamente aprofundar-se para o homem a consciência daquele amor que tinha inicialmente experimentado. E andará sempre mais tecendo o mistério que isso representa: nem sequer a pessoa amada, na verdade, é capaz de satisfazer o desejo que habita o coração humano, de fato, tanto mais autêntico é o amor pelo outro, tanto mais esse deixa em aberto a interrogação sobre sua origem e sobre seu destino, sobre a possibilidade de que isso há de durar para sempre. Assim, a experiência humana do amor tem em si um dinamismo que leva além de si mesma, é experiência de um bem que leva a sair de si e a encontrar-se diante de um mistério que envolve toda a existência.

Considerações semelhantes poderiam ser feitas também a propósito de outras experiências humanas, como a amizade, a experiência do belo, o amor pelo conhecimento: cada bem experimentado do homem vai em direção ao mistério que envolve o próprio homem; cada desejo que tem vista para o coração humano se faz eco de um desejo fundamental que não é nunca plenamente satisfeito. Sem dúvida de tal desejo profundo, que esconde também algo de enigmático, não se pode chegar diretamente à fé. O homem, afinal, conhece bem isso que não o satisfaz, mas não pode imaginar ou definir isso que o faria experimentar aquela felicidade que traz no coração a nostalgia. Não se pode conhecer Deus a partir somente do desejo do homem. Deste ponto de vista surge o mistério: o homem é buscador do Absoluto, um buscador a passos pequenos e incertos. E, todavia, já a experiência do desejo, do “coração inquieto” como o chamava Santo Agostinho, é muito significativa. Essa nos diz que o homem é, no fundo, um ser religioso (cfr Catechismo della Chiesa Cattolica, 28), um “mendigo de Deus”. Podemos dizer com as palavras de Pascal: “O homem supera infinitamente o homem” (Pensamentos, ed. Chevalier 438; ed. Brunschvicg 434). Os olhos reconhecem os objetos quando estes são iluminados pela luz. Daí o desejo de conhecer a mesma luz, que faz brilhar as coisas do mundo e com isso acende o sentido da beleza.

Precisamos, portanto, acreditar que seja possível também na nossa época, aparentemente tanto refratária à dimensão transcendente, abrir um caminho para o autêntico sentido religioso da vida, que mostra como o dom da fé não é absurdo, não é irracional. Seria de grande utilidade, para tal fim, promover uma espécie de pedagogia do desejo, seja pelo caminho de quem ainda não crê, seja por quem já recebeu o dom da fé. Uma pedagogia que compreende pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar, aprender ou re-aprender o sabor das alegrias autênticas da vida. Nem todas as satisfações produzem em nós o mesmo efeito: algumas deixam um traço positivo, são capazes de pacificar a alma, nos tornam mais ativos e generosos. Por outro lado, depois da luz inicial, parecem desiludir as expectativas que tinham suscitado e por vezes deixam dentro de si amargura, insatisfação ou uma sensação de vazio. Educar desde cedo para saborear as alegrias da verdade, em todos os âmbitos da existência – a família, a amizade, a solidariedade com quem sofre, a renúncia ao próprio eu para servir ao outro, o amor pelo conhecimento, pela arte, pela beleza da natureza – tudo isso significa exercitar o sabor interior e produz anticorpos eficazes contra a banalização e achatamento (l’appiattimento) hoje vigentes. Também os adultos têm necessidade de redescobrir estas alegrias, de desejar a realidade autêntica, purificando-se da medíocridade na qual possam encontrar-se enredados. Então se tornará mais fácil deixar cair ou rejeitar tudo isso que, embora aparentemente atrativo, revela-se sem sabor, fonte de vício e não de liberdade. E isso fará emergir aquele desejo de Deus do qual estamos falando.

Um segundo aspecto, que anda de mãos dadas com o anterior (che va di pari passo con il precedente), é o nunca se contentar com o quanto foi alcançado. As alegrias mais verdadeiras são capazes de liberar em nós aquela preocupação saudável que leva a ser mais exigentes – querer um bem mais alto, mais profundo – e junto a perceber com sempre mais clareza que nada de finito pode preencher o nosso coração. Aprenderemos, assim, a tender, desarmados, para aquele bem que não podemos construir ou adquirir com as nossa forças; a não nos deixar desencorajar pelo cansaço ou pelos obstáculos que vêm do nosso pecado.

Neste sentido, não devemos esquecer que o dinamismo do desejo está sempre aberto à redenção. Mesmo quando ele caminha em caminhos extraviados, quando segue paraísos artificiais e parece perder a capacidade de ansear pelo verdadeiro bem. Mesmo no abismo do pecado não se apaga no homem aquela faísca que lhe permite reconhecer o verdadeiro bem, de saboreá-lo, e de começar assim um percurso de subida, no qual Deus, com o dom da sua graça, não faz nunca faltar a sua ajuda. Tudo, aliás, precisamos percorrer um caminho de purificação e cura do desejo. Somos peregrinos para a pátria celeste, para aquele bem pleno, eterno, que nada nos poderá arrebatar (che nulla ci potrà più strappare). Não se trata, portanto, de sufocar o desejo que está no coração do homem, mas de libertá-lo, para que possa alcançar a sua verdadeira altura. Quando no desejo se abre a janela para Deus, isto já é sinal da presença da fé na alma, fé que é uma graça de Deus. Santo Agostinho sempre afirmava: “Com a expectativa, Deus fortalece a nossa vontade, com o desejo amplia a nossa alma e expandindo-o o torna mais capaz” (Comentário à Primeira Carta de João, 4,6: PL 35, 2009).

Nesta peregrinação, sejamos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem mesmo daqueles que não creem, de quem está em busca, de quem se deixa interrogar com sinceridade pelo dinamismo do próprio desejo de verdade e de bem. Rezemos, neste Ano da Fé, para que Deus mostre a sua face a todos aqueles que o procuram com coração sincero. Obrigado.

Catequese de Bento XVI - A fé da Igreja - 31/10/2012


Quarta-feira, 31 de outubro de 2012, 13h34


Boletim da Santa Sé
(Tradução: Jéssica Marçal e Thaysi Santos - equipe CN Notícias)



CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Queridos irmãos e irmãs,

Continuamos no nosso caminho de meditação sobre a fé católica. Na semana passada mostrei como a fé é um dom, porque Deus que toma a iniciativa e vem ao nosso encontro; e assim a fé é uma resposta com a qual nós O acolhemos como fundamento estável da nossa vida. É um dom que transforma a existência, porque nos faz entrar na mesma visão de Jesus, o qual opera em nós e nos abre ao amor através de Deus e dos outros.

Hoje gostaria de dar um outro passo na nossa reflexão, partindo, uma vez mais, de algumas perguntas: a fé tem um caráter somente pessoal, individual? Interessa somente a minha pessoa? Vivo a minha fé sozinho? Certo, o ato de fé é um ato eminentemente pessoal, que vem do íntimo mais profundo e que sinaliza uma troca de direções, uma conversão pessoal: é a minha existência que recebe um ponto de viragem, uma orientação nova. Na Liturgia do Batismo, no momento das promessas, o celebrante pede para manifestar a fé católica e formula três perguntas: crês em Deus Pai onipotente? Crês em Jesus Cristo seu único Filho? Crês no Espírito Santo? Antigamente, estas perguntas eram voltadas pessoalmente àqueles quem iam receber o Batismo, antes que se imergisse por três vezes na água. E também hoje a resposta está no singular: Creio. Mas este meu crer não é resultado de uma reflexão minha, solitária, não é o produto de um pensamento meu, mas é fruto de uma relação, de um diálogo, no qual tem um escutar, um receber e um responder; é o comunicar com Jesus que me faz sair do meu “eu” fechado em mim mesmo para abrir-me ao amor de Deus Pai. É como um renascimento no qual me descubro unido não somente a Jesus, mas também a todos aqueles que caminharam e caminham na mesma via; e este novo nascimento, que inicia com o Batismo, continua por todo o percurso da existência. Não posso construir a minha fé pessoal em um diálogo privado com Jesus, porque a fé é doada a mim por Deus através de uma comunidade crente que é a Igreja e me insere assim na multidão dos crentes em uma comunhão que não é só social, mas enraizada no amor eterno de Deus, que em Si mesmo é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é Amor trinitário. A nossa fé é verdadeiramente pessoal, somente se é também comunitária: pode ser a minha fé somente se vive e se move no “nós” da Igreja, só se é a nossa fé, a fé comum da única Igreja.

Aos domingos, na Santa Missa, recitando o “Credo”, nós nos expressamos em primeira pessoa, mas confessamos comunitariamente a única fé da Igreja. Aquele “credo” pronunciado singularmente nos une àquele de um imenso coro no tempo e no espaço, no qual cada um contribui, por assim dizer, a uma polifonia harmoniosa na fé. O Catecismo da Igreja Católica resume claramente assim: “‘Crer’ é um ato eclesial. A fé da Igreja antecede, gera, apoia e nutre a nossa fé. A Igreja é Mãe de todos os crentes. ‘Ninguém pode dizer ter Deus como Pai se não tem a Igreja como Mãe’ [são Cipriano]” (n. 181). Também a fé nasce na Igreja, conduz a essa e vive nessa. É importante recordar isso. 

No início da aventura cristã, quando o Espírito Santo desce com poder sobre os discípulos, no dia de Pentecoste – como narram os Atos dos Apóstolos (cfr 2, 1-13) – a Igreja nascente recebe a força para atuar na missão confiada pelo Senhor Ressuscitado: difundir em cada lugar da terra o Evangelho, a boa notícia do Reino de Deus, e conduzir, assim, cada homem ao encontro com Ele, à fé que salva. Os Apóstolos superam todo o medo ao proclamar isso que tinha ouvido, visto e experimentado na pessoa de Jesus. Pelo poder do Espírito Santo, começam a falar em línguas novas, anunciando abertamente o mistério do qual foram testemunhas. Nos Atos dos Apóstolos nos vem dito o grande discurso que Pedro pronuncia propriamente no dia de Pentecoste. Ele parte de uma passagem do profeta Joel (3, 1-5), referindo-se a Jesus, e proclamando o núcleo central da fé cristã: Ele que tinha beneficiado todos, que tinha sido creditado por Deus com milagres e grandes sinais, foi crucificado e morto, mas Deus o ressuscitou dos mortos, constituindo-lhe Senhor e Cristo. Com Ele entramos na salvação definitiva anunciada pelos profetas e quem invocar o seu nome será salvo (cfr At 2,17-24). Ouvindo estas palavras de Pedro, muitos se sentem pessoalmente desafiados, se arrependem de seus pecados e são batizados recebendo o dom do Espírito Santo (cfr At 2, 37-41). Assim começa o caminho da Igreja, comunidade que leva este anúncio no tempo e no espaço, comunidade que é o Povo de Deus fundado na nova aliança graças ao sangue de Cristo e cujos membros não pertencem a um determinado grupo social ou étnico, mas são homens e mulheres provenientes de cada nação e cultura. É um povo “católico”, que fala línguas novas, universalmente aberto a acolher todos, além de todos os limites, quebrando todas as barreiras. Diz São Paulo: “Aqui não há grego ou judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em todos” (Col 3,11).

A Igreja, portanto, desde o início é o lugar da fé, o lugar da transmissão da fé, o lugar onde, pelo Batismo, se é imerso no Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, que nos liberta da escravidão do pecado, nos doa a liberdade de filhos e nos introduz da comunhão com o Deus Trinitário. Ao mesmo tempo, estamos imersos na comunhão com os outros irmãos e irmãs de fé, com todo o Corpo de Cristo, retirados do nosso isolamento. O Concílio Ecumênico Vaticano II o recorda: “Deus quis salvar e santificar os homens não individualmente e sem qualquer ligação entre eles, mas quis constituir deles um povo, que o reconhecesse na verdade e fielmente O servisse” (Cost. dogm. Lumen gentium, 9). Ao lembrar a liturgia do Batismo, notamos que, na conclusão das promessas em que expressamos a renúncia ao mal e repetimos “creio” na verdade da fé, o celebrante declara: “Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja e nós nos glorificamos de professá-la em Cristo Jesus Nosso Senhor”. A fé é virtude teologal, doada por Deus, mas transmitida pela Igreja ao longo da história. O próprio São Paulo, escrevendo aos Coríntios, afirma ter comunicado a eles o Evangelho que por sua vez também ele tinha recebido (cfr 1 Cor 15,3).

Há uma cadeia ininterrupta de vida da Igreja, de anúncio da Palavra de Deus, de celebração dos sacramentos, que vem a nós e que chamamos de Tradição. Isso nos dá a garantia de que aquilo em que acreditamos é a mensagem original de Cristo, pregada pelos apóstolos. O núcleo do anúncio primordial é o evento da morte e ressurreição do Senhor, da qual brota toda a herança da fé. Diz o Concílio: "A pregação apostólica, que está expressa de modo especial nos livros inspirados, devia ser repassada com sucessão contínua até o fim dos tempos" (Constituição dogmática. Dei Verbum, 8).Deste modo, se a Bíblia contém a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja a preserva e a transmite com fidelidade, para que os homens de cada época tenham acesso a seus vastos recursos e se enriqueçam com seus tesouros de graça. Assim, a Igreja, "em sua doutrina, em sua vida e em seu culto transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo em que acredita" (ibid.).

Finalmente, gostaria de salientar que é na comunidade eclesial que a fé pessoal cresce e amadurece. É interessante notar que no Novo Testamento, a palavra "santos" se refere a cristãos como um todo e, certamente, nem todo mundo tinha as qualidades para ser declarado santo pela Igreja. O que se queria indicar, então, por este termo? O fato de que aqueles que viviam a fé no Cristo ressuscitado eram chamados a se tornar um ponto de referência para todos os outros, colocando-os em contato com a Pessoa e a Mensagem de Jesus, que revela o rosto do Deus vivo. E isso vale também para nós: um cristão que se deixa guiar e plasmar pouco a pouco pela fé da Igreja, apesar de suas fraquezas, suas limitações e suas dificuldades, torna-se como uma janela aberta à luz do Deus vivo, que recebe essa luz e a transmite ao mundo. O Beato João Paulo II, na Encíclica Redemptoris missio, afirmava que "a missão renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã, dá novo entusiasmo e novas motivações. A fé se fortalece se doando. "(n. 2).

A tendência, hoje generalizada, de relegar a fé ao âmbito privado, portanto, contradiz a sua própria natureza. Nós precisamos da Igreja para confirmar a nossa fé e experimentar os dons de Deus: a Sua Palavra, os sacramentos, o apoio da graça e o testemunho do amor. Assim, o nosso "eu" no "nós" da Igreja será capaz de se perceber, ao mesmo tempo, destinatário e protagonista de um evento que o supera: a experiência da comunhão com Deus, que estabelece a comunhão entre as pessoas. Em um mundo em que o individualismo parece regular as relações entre as pessoas, tornando-as sempre mais frágeis, a fé nos chama a ser povo de Deus, a ser Igreja, portadores do amor e da comunhão de Deus para todo gênero humano. (ver Constituição Pastoral. Gaudium et spes, 1). Obrigado por sua atenção.